A ata da última reunião do Copom indica que a surpresa com a atividade econômica, num contexto de expectativa de inflação desancorada, foi um fator decisivo para o início do ciclo de alta de juros.
Na estimativa do Banco Central, a surpresa com a atividade levou o hiato para o campo positivo, tornando mais desafiadora a redução da inflação em direção à meta.
O Comitê mostrou desconforto com o aumento dos salários em ritmo superior ao crescimento da produtividade.
Ainda que não encontrem evidências de que a pressão salarial tenha impactado os preços, a diretoria acredita que ainda haverá elevação da inflação por conta desse fator.
O Comitê entende que a composição da inflação piorou. A alta da inflação de bens industriais e de alimentos é possivelmente explicada pela depreciação cambial e fatores climáticos. Isso, aliado ao hiato positivo, torna mais difícil a convergência da inflação, segundo a ata.
O contexto global, por outro lado, é mais benigno. Os EUA iniciaram o ciclo de corte de juros e a desaceleração da economia chinesa indica que os preços das commodities devem se manter comportados.
Assim como no comunicado, a ata não indica qual será o ritmo de alta dos juros nas próximas reuniões.
Na avaliação do Banco Central, o ideal seria iniciar o ciclo de forma gradual, de modo a permitir que os mecanismos de política monetária comecem a atuar.
As próximas decisões serão guiadas pelo compromisso de convergência da inflação à meta.
Nossa avaliação: esperamos aumento da Selic até 11,50% no início do ano que vem, contando com alguma desaceleração da atividade, apreciação da taxa de câmbio e acomodação nas expectativas de inflação ao longo dos próximos meses.
A projeção de inflação do Banco Central, no horizonte relevante para a política monetária, indica chance de que os juros podem ser um pouco maiores do que o nosso cenário base.