O resultado primário do setor público, divulgado na sexta-feira, ficou negativo em R$ 48,9 bilhões no mês, um pouco abaixo do esperado pelo Depec (-48,2 bi) e inferior à mediana das expectativas (-45,5 bi).
O resultado reflete, principalmente, o déficit de R$ 46,5 bilhões do Governo Central.
Conforme sugerido pelos dados da Receita Federal e do Tesouro, há uma desaceleração relevante das receitas, sobretudo àquelas atípicas e as relacionadas ao setor de petróleo.
Ao mesmo tempo, chama atenção a resiliência das receitas associadas à massa salarial, sobretudo previdenciárias.
As despesas avançam, em linha com esperado, com destaque para os aumentos reais de gastos com previdência, Bolsa Família, e com o FAT (este último reflexo da mudança no calendário de pagamentos do abono salarial).
Os governos regionais apresentaram um déficit de R$ 927 milhões, abaixo da nossa estimativa (- R$ 3 bilhões).
Até o final do ano, os entes devem continuar apresentando déficits mensais, encerrando 2023 com um superávit próximo de R$ 5 bilhões, após +65 bilhões no ano passado.
Por fim, a despeito do déficit elevado, os dados de junho do Banco Central mostraram estabilidade da dívida bruta, com o efeito da apropriação de juros compensado pelo crescimento nominal do PIB e pela apreciação cambial.
Mantemos nossos principais números do cenário fiscal: déficit primário próximo de 1% do PIB e relação dívida/PIB próxima de 76%.
Fonte: Bradesco-DEPEC