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estratégias para o desenvolvimento. Vamos nos unir em
torno de compromissos programáticos e não de cargos.
É esse o espírito original da República. O interesse público
acima de interesses particulares, privados.
Em resumo, as mudanças que todos desejamos no Brasil não
são possíveis se não promovermos a mudança na política.
Outra diferença essencial entre nossa aliança e nossos
adversários é a compreensão do processo de expansão da
economia. Para nós, o desenvolvimento obrigatoriamente
deve reduzir as desigualdades sociais e regionais e servir
para a preservação do inestimável patrimônio ambiental do
Brasil. Como diz minha companheira Marina Silva, vamos
integrar economia e ecologia na mesma equação.
COMO A CORRUPÇÃO INTERFERE NO
DESENVOLVIMENTO DO BRASIL? QUAL É
O CAMINHO PARA EXTINGUI-LA?
EDUARDO CAMPOS:
A corrupção é um mal que
se expande nos ambientes de pouca luz e escuridão. Quero
dizer com isso que as instituições e as relações que não têm o
princípio da transparência como essencial, se não a inscrevem
em seu DNA, favorecem as práticas antiéticas.
Então, temos aí o primeiro desafio: organizar o Estado e
estimular a cultura de que o governo é um serviço público,
portanto, à disposição de todos os cidadãos. Isso implica
que governantes e gestores públicos devem constantemente
perseguir a criação e a implementação de processos que
deem transparência às suas ações, favoreçam a participação
e o controle social ativo e simplifiquem as relações entre as
instituições públicas e o cidadão.
Um exemplo de mudanças que podem contribuir para o
combate à corrupção é a definição do Orçamento da União, dos
Estados e dos municípios. Tratamos o debate sobre essas peças
como uma questão burocrática. É um grande equívoco. O
Orçamento é a expressão dos negócios que o Estado pretende
promover num determinado ano. Se a sua discussão ganhar a
atenção das ruas e não se reduzir aos gabinetes de agentes de
governo e parlamentares, as prioridades de investimento e a
forma como o dinheiro do contribuinte será gasto com certeza
não serão as estabelecidas pelos lobbies.
Sabemos que toda vez que o foco do olhar da sociedade se
dirige à ação dos homens públicos eles se veem diante do
constrangimento ético. É essa a grande contribuição que um
governo pode dar ao combate à corrupção - o estímulo ao olhar
vigilante das pessoas.
Essa iniciativa, com certeza, ajudará a sociedade a definir seu
caminho referenciada em valores que priorizem o interesse
público. A corrupção deixará de ser vista como um problema do
governo. A corrupção será tratada como um problema de cada
um de nós. E estaremos atentos a enfrentá-la em nosso dia a dia.
COMO SERÃO TRATADOS, DURANTE O
SEU GOVERNO, OS PLANOS ASSISTENCIAIS
COMO O BOLSA FAMÍLIA?
EDUARDO CAMPOS:
A Aliança Programática entre
PSB, Rede, PPS e PPL se estabeleceu sob o princípio de que
devemos avançar nas conquistas obtidas nas últimas décadas.
Reconhecemos que o Bolsa Família é um desses ganhos da
sociedade, decorrente de anos de luta para a redução das
desigualdades sociais e da miséria.
O avanço no nosso entendimento é criar as condições para que
as brasileiras e os brasileiros que dependem desses programas
sociais possam assumir com segurança o protagonismo de
seu desenvolvimento pessoal e social. Temos que oferecer
as oportunidades de capacitação para essa nova etapa em
suas vidas e na de suas famílias e, obviamente, oferecer-lhes
oportunidades para a realização de suas competências.
Oportunidade é algo que deve estar à disposição de todos,
não de apenas alguns escolhidos pelo governo. Por isso,
aqueles que defendem a supressão ou a redução de direitos e
conquistas sociais são a expressão do retrocesso na história da
nossa jovem democracia.
E A REFORMA TRIBUTÁRIA, ACONTECERÁ?
EDUARDO CAMPOS:
Como disse anteriormente,
se promovermos as mudanças na política, se criarmos um
espaço de diálogo em torno de uma agenda estratégica do
país e não na disputa do poder pelo poder ou de pedaços
do Estado, estaremos em condições de enfrentar o debate
franco sobre as reformas que o país necessita para seu
desenvolvimento sustentável. Portanto, quem fala que vai
fazer isso ou aquilo por meio de uma canetada vende ilusão.
Nós, da Aliança, acreditamos que é possível unir os
homens e as mulheres desse país que têm, historicamente,
compromisso com o interesse público. Se isso acontecer, a
reforma tributária será um profundo debate sobre como o
Brasil deve superar suas desigualdades regionais e sociais e
implementar um novo federalismo que faça da diversidade
econômica, ambiental e cultural de nosso país uma força
para garantir a superação de nossas mazelas.
QUAIS AS AÇÕES SERÃO DESENVOLVIDAS
PARA ESTIMULAR E AMPARAR O
SEGMENTO DO COMÉRCIO/VAREJISTA?
EDUARDOCAMPOS:
Não só para o comércio, mas para
toda a economia brasileira, é necessário recuperarmos a confiança
para o investimento. As regras para os agentes econômicos devem
ser claras e seguras, não podem ser orientadas por interesses de