75
A saturação das grandes cidades leva à interiorização da
indústria. A indústria, por sua vez, leva para essas cidades
“menores” toda uma estrutura – como shopping centers,
grupos de atendimento ao comércio, moradias populares para
os empregados, entre outros. “Todos esses são elementos de
fixação do homem às novas regiões econômicas que estão
sendo desenvolvidas no Brasil”, explica o Diretor Executivo
da ABF, Ricardo Camargo. Ele indica a política de aumento
real do salário mínimo como um dos maiores impulsionadores
do mercado de franquias – principalmente porque a maioria
dos salários no interior era baseada no salário mínimo. “Esse
reajuste acima da inflação tem gerado demanda de consumo.
As redes que aproveitam essa expansão são aquelas voltadas
para as classes B e C, não tanto à A”, revela.
A mudança do cenário econômico, com o fortalecimento
das cidades de pequeno e médio porte, é um dos pilares do
franchising nacional, que já colocou o fenômeno no olhar
estratégico. “É uma aposta nesse momento de dificuldade
premente da desaceleração do consumo nos grandes centros”,
pondera Cristina. Essa mudança também foi percebida pelas
administradoras de shopping centers.
Atuando em seis estados brasileiros e contando com uma
cartela de negócios que tem quatro Shoppings em operação
e outros seis em desenvolvimento, o Grupo Sá Cavalcante
aposta no know-how obtido pela sinergia da atuação nos
campos de construção civil, incorporação imobiliária e
shopping centers para enveredar pelo interior do Brasil.
A empresa opera um núcleo de franquias com o objetivo
de promover a aliança das franquias com os operadores
disponíveis em suas respectivas praças para a abertura de
novas unidades.
“Existe uma sinergia muita grande entre esses dois setores.
As redes de franquias precisam tanto dos shopping centers,
como os shopping centers das franquias”, pontua o presidente
do grupo, Leonardo Cavalcante. “Todas as cidades onde se
encontram shoppings operados pela Sá Cavalcante estão
entre as que têm maior potencial de desenvolvimento no
Brasil. O entorno de cada centro de compras desenvolvido
pela empresa conta com complexos multiuso formados,
geralmente, por unidades residenciais e comerciais”, revela.
O foco das administradoras de shoppings, em geral, são
cidades com população acima de 200 mil habitantes
que apresentam crescimento econômico acima da média
nacional e demanda para esse tipo de empreendimento.
Um exemplo desse perfil é a Partage, cujo portfólio reúne
oito shoppings no país – sendo seis em operação nas
regiões Norte, Nordeste e Sul e dois em construção em
Uberlândia e Uberaba, em Minas Gerais – e passa por uma
fase de crescimento e maturação. A aposta nas franquias
para ampliar o mix de lojas e serviços também está atrelada
à qualificação de seus empreendimentos, deixando-os
mais atrativos para os visitantes. Atualmente, o índice de
franquias do grupo é de cerca de 40%, mas a tendência
é de que nos próximos anos já chegue a 50% do total de
operações. “Nossa administração valoriza a proximidade
e a confiança com parceiros para promover o sucesso e
a perenidade dos negócios e por isso temos excelentes
expectativas com as franquias”, comenta a diretora
de marketing, Roberta Veloso.
Mesmo com a aparente incerteza do mercado, Cesar Garbin,
sócio e diretor de operações da 5R Shopping Centers, está
confiante na aposta dos empreendimentos em cidades de até
200 mil habitantes. Para ele, o investidor deve aproveitar o
momento para apostar nos espaços dentro dos shoppings. “O
lojista precisa extrair uma boa experiência diante da incerteza
do mercado, pois o preço do m² dentro dos shoppings é um
atrativo e tanto para o comerciante”, acredita.
“O shopping center é o reflexo da expansão do setor”,
assegura Camargo. Ele finaliza apresentando números:
“segundo apuramos ano passado, 49% das lojas de
shopping, hoje, são lojas de franquias. E, em algumas
regiões como Sul e Sudeste, alguns shoppings chegam a ter
60% de participação e ocupação”.
INTERIORIZAÇÃO
TENDÊNCIAS: USO MISTO
E CIDADES EM EXPANSÃO